Dinossauro de Adamantina

Dinossauro de Adamantina


Descoberto em 1959, o titanossauro de 12 metros de comprimento por 4 de altura ainda é desconhecido por boa parte da população que vive em uma região denominada por especialistas como “parque dos dinossauros” paulista.

Alguns adamantinenses podem ter ouvido falar, e outros nem imaginam. Mas Adamantina tem um dinossauro que leva o nome da cidade em sua homenagem – o Adamantisaurus mezzalirei. Descoberto em 1959, o titanossauro de 12 metros de comprimento por 4 de altura ainda é desconhecido por boa parte da população que vive em uma região denominada por especialistas como “parque dos dinossauros” paulista.

A cidade está situada na Formação Adamantina, região geológica localizada nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul e formada por arenitos, siltitos e argilitos. Aqui, na divisa com Flórida Paulista, o paleontólogo Sérgio Mezzalira – que também dá nome ao dinossauro – resgatou os fósseis encontrados durante a obra de extensão dos trilhos da Cia. Paulista de Estradas de Ferro de Adamantina para Panorama.

A historia de Sérgio Mezzalira


Sérgio Mezzalira (in memoriam), em 2006, mostra fotos de fóssil achado por ele em 1959 (Foto: Matuiti Mayezo/Folha Imagem)

No ano de 2006, quando foi identificado – 47 depois de sua descoberta, o jornal Folha de São Paulo entrevistou o geólogo, que, segunda a reportagem, precisou “de paciência, muita lábia e uma tremenda sorte para arrancar os fósseis das mãos de um grupo de trabalhadores da ferrovia”.

“Eu soube por um pessoal da USP [Universidade de São Pulo] que tinha aparecido um material naquela região”, recordou Mezzalira, na entrevista. “O diretor da faculdade falou que não podia ir buscar. E eu conversei com o diretor do Instituto Geológico e ele me mandou ir lá”, contou.

Foram três meses até que a USP emitisse uma autorização para o instituto coletar os fósseis. “O topógrafo da ferrovia disse que não iria deixar eu levar o material”, disse Mezzalira.

A Folha descreveu a situação: “o geólogo, então, armou-se de toda a paciência do mundo para tentar convencer o sujeito, numa conversa de bar noite adentro. Lá pelas 23h o assunto enveredou para as dificuldades de fazer ciência no Brasil e os “loucos” que se aventuravam numa carreira científica. O topógrafo, então, mostrou a Mezzalira um livro sobre moluscos fósseis escrito por dois desses “loucos”. Foi a sorte do geólogo. “Disse a ele: “O autor de baixo sou eu”. Aí ele sorriu e disse: “Amanhã o sr. leva o material”.”

Depois de descoberto, os fósseis ficaram guardados até 2006, no Museu Valdemar Lefevre (Mugeo), no Parque Água Branca, em São Paulo, até serem descritos, em 2006, pelos paleontólogos Rodrigo Santucci e Reinaldo José Bertini, da Unesp de Rio Claro.

De lá pra cá, o fato histórico é estudado por especialista e noticiado por veículos de comunicação de abrangência nacional, como também no jornal O Estado de São Paulo, que informou, em junho, sobre uma expedição ao oeste paulista de uma equipe do Museu de História Natural de Los Angeles (EUA) em busca de fósseis de pequenas aves que conviveram com os dinossauros, há mais de 70 milhões de anos.

Em entrevista ao periódico, o paleontólogo William Nava, diretor do Museu de Paleontologia de Marília, disse que atua com outros pesquisadores visando à criação de um circuito paleontológico no oeste paulista, uma espécie de roteiro de pesquisas e turismo sobre a época dos dinossauros. “Embora todo o oeste seja um grande cemitério de dinossauros e outros répteis do Cretáceo, soterrados sob camadas de solo, plantações e cidades, isso ainda é pouco conhecido.”

Atualmente, segundo ele, apenas as cidades de Marília, Monte Alto e Uchôa possuem museus de paleontologia. No entanto, informa O Estadão, “achados importantes aconteceram em Flórida Paulista, Lucélia, Adamantina, Pacaembu e muitas outras cidades”.

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